Hoje passei num mercado na asa sul, pra comer uma pamonha...
Quando estava na fila, veio um mendigo (já senhor, carregando alguns trapos e mal vestido), entregou à moça que estava à minha frente uma embalagem com um salgado, que custava apenas 2 reais, e pediu:
-Compra aí pra mim?! - Pareceu até meio rude, mas bem compreensível, pois talvez o faltasse instrução para ser mais educado, e além disso estava claro o desespero, a inquietude, a fome em seu rosto que evidentemente não deram espaço para uma "palavra mágica". Ele não agia normalmente, não se via tanta sanidade, a vida o causou seqüelas...
-O que? Eu não vou comprar nada não! Não tenho dinheiro não! - Retrucou a moça. Logo em seguida, tentando esconder, tirou uma nota de 10 reais e pagou uma latinha de refrigerante.
Bem, minha opinião:
A moça era aquele tipo de pessoa que olha apenas pro seu próprio umbigo. Aquela que se deixa levar por preconceitos impostos pela sociedade e acredita que talvez o mendigo vá roubá-la: sua discriminação e seu medo ignoraram completamente o pedido e a necessidade do mendigo. Custava tanto ajudar?
É claro que não levaremos e hospedaremos o mendigo em nossas casas... mas se há uma maneira de ajudar, é justo passar o refrigerante e negar o salgado de 2 reais?
Num viés mais geral, penso que enquanto um inferiorizar moralmente o outro, não haverá progresso em nossa sociedade. A democracia diz respeito a oportunidades iguais, e essas devem ser dadas uns aos outros, inclusive a oportunidade de se livrar dos preconceitos e estereótipos pra conhecer o 'outro':
O mendigo não é ladrão, só por passar necessidade;
O negro não é escravo, só porque a história impôs assim há séculos atrás;
O gay não se define por sua sexualidade, e sim por seu caráter;
O deficiente não é inválido, alguns trabalham muito mais que quem não tem deficiência alguma;
(...)
Todos esses são parte da sociedade, só merecem oportunidades diferentes para se igualarem.
... Quando as pessoas pensarem dessa maneira, caminharemos para a inclusão das minorias e para a extinção dos preconceitos, e assim será possível tornar ao menos um pouco efetiva a nossa democracia.
Bem,
A plena igualdade é impossível, afinal,
ninguém é igual.
Mas também
ninguém é superior.
e sim diferente !
-No fim das contas, o senhor se virou pra mim e pediu que eu pagasse seu salgado, e eu o fiz.
Uma ação pequena (quase nada)... Em troca recebi um "obrigado", mais do que suficiente pra mim. =)
(Não escrevo tão bem como vc mas...)
ResponderExcluirNos deparamos todos os dias com essas situações... mas nem sempre estamos dispostos a ajudar..
O que fazer para mudar?
Talvez apenas comprando o salgadinho ao inves de dar dinheiro possamos começar alguma mudança..
dificil ne?
É, cadela, a mudança começa de si.
ResponderExcluirNão se muda a mentalidade dos outros de uma hora pra outra, mas o respeito deve sempre existir, mesmo que leve muito tempo para conquistá-lo.
A caridade também é necessária, acredito não na esmola, mas na ajuda - nem que seja a menor das ajudas, já conta.
obs: Belo nome. Espero mais comentários. Abraço
rs
- Mesmo que certas atitudes aparentemente sejam irrelevantes, elas são sim essenciais para que a mentalidade da sociedade em que vivemos possa evoluir, por que sinceramente o tempo passou, tudo evolui, mais parece que a mentalidade em relação ao preconceito estatizou. Nos tornarmos iguais, impossível, mais podemos conseguir nos tornar mais iguais possíveis (:
ResponderExcluirE sim, pequenos atos podem mudar a sociedade o/